Na Baixada Cuiabana, pessoas em situação de rua vivem em meio ao abandono, à violência e à indiferença. Em vez de apoio, recebem olhares de desprezo, são vítimas de agressões físicas e verbais e acabam sendo alvo até de execuções brutais. A ausência de políticas públicas eficazes revela um Estado falho, que vira as costas para os mais vulneráveis.
A quem interessa ignorar essa população? Enquanto os governos municipais, estadual e até federal trocam acusações ou simplesmente se calam, homens, mulheres e até crianças tentam sobreviver ao calor escaldante, à fome e ao medo. Falta abrigo, alimento, saúde, respeito e humanidade. Falta presença do poder público, que parece enxergar essas pessoas como invisíveis.
Não é raro encontrar relatos de moradores de rua que foram espancados ou assassinados covardemente. Muitos têm histórico de abandono familiar, problemas de saúde mental ou vícios que poderiam ser tratados com políticas sérias de acolhimento. Mas, ao invés disso, são julgados pela aparência, tratados como lixo humano e esquecidos como se suas vidas não valessem nada.
A realidade é que o sistema falha desde a base. Faltam equipes de assistência social atuando nas ruas, projetos de reinserção social, centros de triagem e de saúde mental, e, principalmente, vontade política. A cidade que se orgulha de sua cultura e história precisa encarar de frente a desigualdade que mata todos os dias nas esquinas de Cuiabá, Várzea Grande e cidades vizinhas.
É urgente que a sociedade cobre dos gestores públicos ações concretas, planejadas e humanizadas. A omissão custa vidas. A invisibilidade social de hoje se transforma em tragédia anunciada amanhã. Nenhuma sociedade será justa enquanto aceitar que parte do seu povo morra à margem, sem ao menos um olhar de compaixão.