Quatro em cada 10 gestantes desconhecem calendário vacinal da gravidez

Por MT em Foco em 04/12/2024 às 07:55:12

Cerca de 40% das gestantes ouvidas em uma pesquisa sobre imunização não sabiam da existĂȘncia de um calendĂĄrio de vacinas especĂ­fico para a gravidez. Seis em cada dez achavam que os imunizantes são voltados apenas para a mãe, ignorando a proteção que também é transmitida para os bebĂȘs. O levantamento encomendado pela farmacĂȘutica Pfizer ao Instituto de InteligĂȘncia em Pesquisa e Consultoria (Idec) mostra ainda que 11% das entrevistadas das classes A e B receberam dos próprios médicos a recomendação de não se imunizar durante a gravidez. Além disso, 11% dos profissionais de pré-natal não falaram sobre vacinas com as pacientes.

Outros dados mostram a importância do trabalho educativo dos profissionais de saĂșde. Entre as gestantes que receberam a recomendação de tomar os imunizantes adequados, 96% seguiram a indicação. Por outro lado, dĂșvidas perigosas ainda contaminam as gestantes brasileiras: 10% delas confessaram acreditar que os imunizantes podem causar autismo nos bebĂȘs, uma das mentiras mais antigas sobre as vacinas, jĂĄ refutada pela comunidade cientĂ­fica. E ainda 14% achavam que as vacinas podem provocar alterações genéticas nos fetos, algo impossĂ­vel, mas bastante alardeado em discursos antivacina.

Imunizantes

Atualmente, as gestantes brasileiras devem tomar cinco vacinas, disponĂ­veis no Sistema Único de SaĂșde (SUS). A trĂ­plice bacteriana acelular do tipo adulto, ou DTPa, é praticamente exclusiva para grĂĄvidas e deve ser tomada em todas as gestações, pois protege a mãe contra a difteria, o tétano, impede que ela transmita coqueluche ao feto e também possibilita a passagem de anticorpos, protegendo os bebĂȘs nos primeiros meses de vida, até que eles possam ser vacinados contra a doença. Além disso, gestantes que não tiverem comprovante de vacinação contra difteria e tétano devem receber estas doses antes da DTPa. A difteria pode ser transmitida pela mãe para o bebĂȘ e o tétano pode ser adquirido por contaminação durante o parto. Ambas as doenças tem alta taxa de mortalidade entre recém-nascidos.

Também é importante que a gestante tenha sido imunizada com pelo menos trĂȘs doses da vacina contra a hepatite B, doença viral que pode ser transmitida para o bebĂȘ e aumenta o risco de parto prematuro. O esquema deve ser completado mesmo após o parto, jĂĄ que a hepatite pode ser transmitida até pelo leite materno. Além disso, gestantes e puérperas fazem parte do grupo de risco de influenza e covid-19. A vacina contra a gripe deve ser tomada durante a campanha anual, jĂĄ o imunizante contra a covid-19 agora faz parte do calendĂĄrio bĂĄsico e pode ser aplicado a qualquer tempo.

Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Melissa Palmieri, as entidades de saĂșde precisam se engajar em um trabalho contĂ­nuo e coordenado de formação dos profissionais, para que eles recomendem e cobrem a vacinação das pacientes.

"A grande dificuldade é que às vezes a gente sente que estĂĄ pregando pra quem é totalmente convertido. E nós precisamos chegar àquele ginecologista, obstetra que ainda não tem um conhecimento tão grande sobre a importância de ele colocar dentro do pré-natal, como um item essencial em toda a consulta. E é um trabalho contĂ­nuo porque novos médicos se formam todos os anos. E quando a gente fala de médicos que atendem gestantes, não são só ginecologistas, tem a medicina de famĂ­lia e comunidade que precisa saber da importância da sensibilização. E cada vez mais as famĂ­lias também procuram pediatras antes do nascimento."

VĂ­rus sincicial

A pesquisa também fez algumas perguntas especĂ­ficas sobre a imunização contra o vĂ­rus-sincicial respiratório - VSR, o principal causador da bronquiolite, doença do aparelho respiratório que pode se tornar grave principalmente em bebĂȘs. Os dados mostram que 94% das gestantes jĂĄ ouviram falar sobre a doença, mas apenas 22% sabem que o principal causador dela é um vĂ­rus. De acordo com dados da plataforma Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz, até novembro, foram registrados 26 mil casos de SĂ­ndrome Respiratória Aguda Grave causados por VSR, 4 mil a mais do que em todo o ano passado. A maior parte desses pacientes eram crianças pequenas.

Atualmente, hĂĄ duas vacinas contra o VSR autorizadas para uso no Brasil, a Arexvy, da farmacĂȘutica GSK, recomendada para idosos, e a Abrysvo, da Pfizer, que também pode ser aplicada em gestantes. Elas não fazem parte do Programa Nacional de Imunizações, mas estão disponĂ­veis na rede privada.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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