Na manhã deste 6 de outubro, o cenário eleitoral de Várzea Grande, Mato Grosso, trouxe à tona um problema antigo, mas ainda presente. Nossa equipe de reportagem esteve em várias unidades escolares da cidade, onde as votações para prefeito e vereadores acontecem, e constatou uma situação alarmante: as ruas e entradas das escolas estavam cobertas por santinhos de candidatos, formando um verdadeiro mar de papéis espalhados por todos os lados.
Em algumas escolas, nem mesmo as que não serviam como zona eleitoral escaparam. As frentes das unidades, apesar de não receberem eleitores, estavam abarrotadas de santinhos, demonstrando uma falta de organização e respeito pelo espaço público. Essa prática de despejo de material de campanha no dia da votação tem sido recorrente, mas desta vez a quantidade chamou ainda mais a atenção e gerou revolta em muitos moradores.
"É lamentável ver a cidade nessa situação logo cedo. Ao invés de estarmos celebrando o exercício democrático, nos deparamos com esse tipo de sujeira. Parece que os candidatos estão mais preocupados em se promover do que em cuidar da cidade", desabafou Carla Ferreira, eleitora que foi votar no Cohab Dom Bosco.
A poluição causada pelo excesso de santinhos não se limitou a gerar incômodo visual. Muitos eleitores tiveram dificuldades para acessar as zonas eleitorais devido à grande quantidade de papel acumulada nas calçadas, o que também gerou discussões nas redes sociais. Fotos do lixo espalhado por vários bairros, como Cristo Rei, Ipase e Mapim, circularam com rapidez, provocando indignação e chamando a atenção para o descaso.
A prática de jogar santinhos nas ruas no dia da eleição é, além de ilegal, uma atitude que contraria as normas da Justiça Eleitoral. Segundo a legislação, o despejo de material de campanha pode acarretar multas para os candidatos ou partidos responsáveis. No entanto, apesar das advertências e penalidades aplicadas em anos anteriores, a situação em Várzea Grande mostra que ainda há um longo caminho para o cumprimento dessas regras.
O problema vai além da questão ambiental. Muitos eleitores apontam que a sujeira deixada nas ruas reflete a falta de compromisso dos candidatos com a cidade. "Se fazem isso em um dia tão importante como a eleição, o que podemos esperar de quem vai nos representar depois? Isso mostra que o respeito pelo bem público está longe de ser prioridade", afirmou o morador Pedro Lima.
A sujeira nas ruas de Várzea Grande neste dia de eleição traz à tona um debate necessário sobre a responsabilidade dos candidatos não apenas em promover suas campanhas, mas em preservar o ambiente e respeitar as normas eleitorais. A Justiça Eleitoral e as autoridades locais devem intensificar a fiscalização para que esse tipo de situação não se repita, e a população também precisa estar atenta, cobrando posturas mais éticas de seus futuros representantes.
Esse incidente reforça a necessidade de uma política mais consciente e comprometida com a preservação da cidade, tanto no aspecto ambiental quanto no respeito às leis e ao eleitorado.