A recente legislação eleitoral que limita o número de candidaturas por partido nas eleições de 2026 tem gerado discussões acaloradas entre as lideranças políticas de Mato Grosso. Segundo as novas regras, cada federação partidária poderá lançar apenas sete candidatos a deputado estadual e dez a deputado federal, o que tem preocupado dirigentes do União Brasil, PP e Republicanos, que articulam uma possível federação no estado. A preocupação principal é a dificuldade de acomodação das candidaturas dentro das novas limitações.
Impacto na distribuição de candidaturas
De acordo com o deputado estadual Júlio Campos (União Brasil), a formação de uma federação entre União Brasil, PP e Republicanos limitaria o número total de candidatos a 28, dos quais 30% devem ser mulheres, restando apenas 19 vagas para os homens. Com três partidos dividindo essas vagas, seriam aproximadamente seis candidatos por legenda. "Essa divisão não permite que todos os pré-candidatos naturais tenham espaço, o que complica as articulações", afirmou Júlio Campos.
Acomodação de lideranças e aliados locais
A nível estadual, a situação é ainda mais delicada, uma vez que o União Brasil já possui sete parlamentares em exercício e três suplentes frequentes na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Além disso, aliados do PP e Republicanos, como o deputado Paulo Araújo, Cidinho Santos e o vice-governador Otaviano Pivetta, já estão alinhados ao União Brasil, tornando a acomodação política um desafio. "Não haveria espaço para novos nomes, como ex-prefeitos e outros líderes locais", pontuou Campos.
Cenário majoritário e possíveis composições
No cenário majoritário, a articulação parece ser mais flexível. Júlio Campos mencionou que a federação poderia funcionar na disputa para o governo do estado e para o Senado, uma vez que há três pré-candidatos ao governo: Jaime Campos (União Brasil), Otaviano Pivetta (Republicanos) e Cidinho Santos (PP). Ele ressaltou que um acordo majoritário poderia distribuir as vagas de governador, vice e senador, mas destacou que "não é uma composição fácil".
Falta de diálogo com as bases preocupa dirigentes
Uma das principais críticas feitas por Júlio Campos foi a falta de diálogo entre as lideranças nacionais e as bases partidárias regionais. Segundo ele, as decisões sobre as federações estão sendo tomadas em Brasília sem consultar os diretórios estaduais e os eleitores locais, o que pode gerar descontentamento e dificuldade na mobilização de votos. "É preciso ouvir as bases e respeitar a realidade política local para que essa articulação tenha êxito", concluiu o deputado em entrevista à imprensa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.